A recente derrubada do presidente sírio Bashar al-Assad causou a suspensão do processamento de pedidos de asilo sírios em toda a Europa.
Isso marca o fim de mais de uma década de governo brutal na Síria, já que seu governo enfrentou acusações generalizadas de crimes de guerra.
Isso inclui o uso de armas químicas e o ataque a civis durante a guerra civil da Síria.
Autoridades do Reino Unido e de vários países europeus declararam que a pausa permite que eles reavaliem suas políticas.
No entanto, grupos humanitários estão preocupados com as vidas no limbo, já que o futuro da Síria continua incerto.
Reino Unido suspende decisões sobre pedidos de asilo sírios
O Home Office do Reino Unido anunciou uma pausa no processamento de cerca de 6.500 pedidos de asilo da Síria em função da retirada de Assad do poder.
As autoridades declararam que essa é uma medida temporária para avaliar como as mudanças nas condições da Síria podem afetar a segurança e os direitos dos refugiados.
“Mantemos todas as orientações do país relacionadas a pedidos de asilo sob constante revisão para que possamos responder a questões emergentes”, disse um porta-voz do Home Office à BBC.
A ministra da Imigração britânica, Angela Eagle, explicou a necessidade de cautela.
“Precisamos esperar um pouco antes de tentar recomeçar as decisões de asilo em um território onde as coisas estão mudando tão rapidamente”, disse ela.
Eagle compartilhou com o The Guardian que o governo do Reino Unido está disposto a ajudar os refugiados que desejam retornar voluntariamente à Síria.
“Se as pessoas quiserem voltar para casa, certamente gostaríamos de facilitar isso”, afirmou o ministro.
No entanto, o Eagle também observou a incerteza em torno da estabilidade da Síria.
“Este é um momento crucial, e precisamos avaliar cuidadosamente se a Síria pode oferecer segurança e proteção aos cidadãos que retornam”, acrescentou.
As nações européias seguem o exemplo
Vários países europeus tomaram medidas semelhantes para pausar as decisões sobre os pedidos de asilo da Síria.
A Alemanha, que abriga a maior diáspora síria da Europa, suspendeu as decisões sobre mais de 47.000 solicitações pendentes.
A ministra do Interior da Alemanha, Nancy Faeser, saudou o afastamento de Assad, mas enfatizou que as condições continuam incertas.
“Embora a queda do regime brutal de Assad seja um momento histórico, não podemos nos apressar em tomar decisões sobre asilo e retorno sem garantir a segurança no local”, disse ela.
Assim como o Reino Unido, a Alemanha também está explorando formas de apoiar as devoluções voluntárias.
No entanto, ela enfatizou que não haverá repatriações forçadas até que as condições melhorem significativamente.
A Áustria também está preparando um programa para incentivar o retorno voluntário, enquanto a França está deliberando sobre sua resposta.
A Dinamarca e a Suécia também suspenderam temporariamente as decisões sobre os pedidos de asilo da Síria.
Essas suspensões destacam uma tendência crescente em toda a Europa de reavaliar as políticas à luz das mudanças no cenário político da Síria.
Preocupações com a segurança e a estabilidade
Apesar dessa mudança política significativa, a Síria continua em tumulto, e milhões de sírios deslocados enfrentam um futuro incerto.
Várias facções armadas ainda controlam partes do país, e a infraestrutura está em ruínas após muitos confrontos com os militares de Assad.
Essas condições complicam os esforços para determinar se a Síria é segura para o retorno dos refugiados.
As organizações humanitárias expressaram fortes reservas quanto ao incentivo ao retorno de refugiados neste momento.
Eles alertam que, embora a remoção de Assad seja um marco significativo, isso não significa necessariamente que a Síria esteja segura.
A Anistia Internacional declarou que a Síria continua instável devido a problemas de segurança, atividade das milícias e infraestrutura inadequada.
“O fim de um ditador não equivale ao início da paz”, declarou a organização, segundo a BBC.
A Comissão Europeia pediu aos Estados-Membros que ajam com cautela e coordenem suas respostas.
Um porta-voz enfatizou a importância de garantir que todos os retornos sejam voluntários, seguros e dignos.
Futuro dos pedidos de asilo dos refugiados sírios
Embora um governo de transição tenha sido formado na Síria, os relatórios indicam insegurança generalizada e desafios humanitários significativos.
O Reino Unido e a Alemanha citaram essas questões não resolvidas para suspender os pedidos de asilo e, possivelmente, facilitar o retorno daqueles que desejarem.
No entanto, para muitos refugiados, retornar à Síria ainda envolve enfrentar riscos consideráveis.
No entanto, as autoridades desses países estão monitorando de perto a frágil transição do país.
Os Ministros de Assuntos Internos da UE devem se reunir no final deste mês para discutir uma estratégia unificada.
Enquanto isso, os solicitantes de asilo sírios afetados pela suspensão ficam no limbo, aguardando esclarecimentos sobre sua situação.
Os formuladores de políticas enfrentam a tarefa desafiadora de equilibrar a esperança no futuro da Síria com a necessidade de proteger as populações vulneráveis.